Distrito Escoteiro Litoral - SC

Robert Stephenson Smyth Baden-Poweel, fundador do Movimento Escoteiro foi exemplo de Escotista.
O que leva um cidadão, que voluntariamente se dedica ao Movimento Escoteiro, anônimo muitas vezes, que coloca seu precioso tempo nos fins de semana, já cansado de sua labuta diária, para ficar responsável e educar jovens e crianças, que não são seus filhos, seja na sede ou no campo.
Pessoas leigas da comunidade, ao visualizarem essa atitude, podem pensar que o Escotista não tem o que fazer durante toda a semana, ou por estar já aposentado, arrumou um “bico” para conseguir mais uns “trocados” aos sábados e fins de semana.

Ah... Que bom que se assim fosse! Essa é árdua tarefa de educar cidadãos, de ensinar por amor, por acreditar em um ideal e em uma filosofia de vida que prega como objetivo maior a formação do caráter do jovem.

A princípio todos deveriam ser cidadãos educados. No entanto, hoje ao analisarmos e refletirmos sobre a educação civil que temos, e que queremos transmitir as próximas gerações, será um assunto central de inúmeras discussões envolvendo o presente e o futuro da nossa convivência social e política.

Como disse o filósofo e teólogo Giuseppe Staccone, “para os antigos gregos a formação do cidadão visava integrar o jovem a sociedade, como seu membro efetivo e responsável. Esse percurso é longo, pois implica em aprender a controlar e disciplinar as paixões e ações perniciosas para a convivência civil e política”. Como somos educados (e educamos) para vivermos em uma sociedade democrática, enfocamos o consumismo, a sede de poder (econômico e político), a violação das leis naturais e divinas, o excesso, a soberba, o orgulho e prevaricação, para que o indivíduo possa ter mais e consuma mais.

Por isso, o Escotismo como processo educativo enfoca a formação integral do jovem: na área física, psíquica, moral e social, preparando o jovem para se tornar um cidadão para a vida privada e pública, para a guerra e para a paz ou para a economia doméstica, sendo útil a própria comunidade em que vive.

Educar as novas gerações é uma tarefa confiada às famílias, isto é a todos nós; à escola e às universidades, e a sociedade num todo, que deve investir na educação, sabendo que dela depende o nosso presente e o futuro da juventude; às igrejas e às livres associações de classe, também precisaram colaborar para educar e formar os homens como seres humanos, tornando-os cidadãos responsáveis que darão sustentação aos projetos de sociedades equilibradas e justas.

Hoje comemorando o Dia do Escotista, podemos ressaltar que nosso maior pagamento é observar o rosto dos jovens que estão no Movimento Escoteiro e ver “um olhar sincero e um sorriso alegre e envolvente”, tendo a certeza que ao seguirem seus próprios caminhos, mais cedo ou mais tarde, nos encontraremos e ouviremos: “eu fui escoteiro... e sempre serei escoteiro, tenho uma só palavra, pois minha honra vale mais que minha própria vida!” .

Apesar de tudo, sentimo-nos desapontados por não conseguirmos levar essa educação a um grande número de jovens e crianças por falta de apoio e recursos financeiros. Mais desapontado ainda, quando percebemos que no Brasil o Escotismo praticamente não é visto e reconhecido pela maioria dos órgãos públicos e governamentais. Por outro lado, a todo o momento se lê nos jornais a liberação de vultosas verbas públicas para ONG´s externas que estão iniciando trabalhos, mais de interesse político que sociais, e nem sempre comprovam a aplicação desses recursos auferidos.

Enquanto isso, o Escotismo no Brasil existente desde 1910 (com 102 anos), legalmente dirigido e administrado pela União dos Escoteiros do Brasil (UEB), entidade sem fins lucrativos e com Utilidade Pública Federal e Estadual, não possui recursos governamentais para o desenvolvimento das atividades educacionais complementares para a formação do caráter juvenil, tão bem definidas no Projeto Educativo da UEB.

Assim, a civilidade ou a barbárie que incidirá em nossa sociedade, dependem de nós ... de como agimos; de como educamos as mentes e as consciências de nossos jovens, que serão os futuros gestores deste nosso imenso País.

Portanto, não é razoável esperar que as pessoas se tornem virtuosas “a bel prazer”, nem por um crescimento espontâneo da consciência! Ao contrário é preciso voltar à educação, e nela investir de forma prioritária e universal.

Mas enquanto existirem pessoas de caráter, dispostas a trabalhar em prol de um ideal, o Escotismo continuará vivo, se não nas comunidades do mundo, no coração dessas pessoas.
PARABÉNS A TODOS ...SEMPRE ALERTA PARA SERVIR!

(Plácido Marcondes, integrante da EReC/UEB/SC e Presidente do GE do Mar Navegantes-045/SC)